Jumento, meu velho amigo,
Não vejo como consigo...
Demonstrar o teu valor,
Animal interessante...
Você é muito importante...
No sertão de cacto e de flor.
Jumento bom companheiro,
Que nasce no tabuleiro...
e lá no mesmo se cria...
Eu lamento a tua sorte,
O maio escravo do norte...
Coitado sem garantia.
Jumento meu camarada,
Que fizestes açude e estrada...
você tem muita importância,
Porém vive desprezado...
Da cangalha todo chagado...
Por efeito da ignorância.
Jumento pobre inocente,
Que sofre constantemente...
Em tudo abandonado...
Eu sou igual a você,
Sou obrigado a dizer,
Muito embora censurado.
Jumento que tanto padece,
Você muito se parece...
Com o mísero servidor,
O teu viver indesejado...
É igual a aposentado.
Pagando conta de Quem roubou.
Agora pra terminar,
Deixo o jumento pra lá,
Sofrendo sem proteção...
Vamos ficar vigilantes,
E responder os mandantes.
Basta de humilhação.
Antonio de Pádua Borges
Livro Sonetos e Poemas Diversos
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